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18/09/2023ㅤ Publicado às 14:09

Por Rubens Fernando de Camillo (conselheiro federal gestão 2021-2023)

Celso Costa foi um dos primeiros arquitetos que me chamaram atenção quando cheguei a Campo Grande, no início dos anos 80. À época, era o titular de um dos principais escritórios de arquitetura da cidade, com diversas obras de grande porte em andamento, dentro e fora do estado.

Formado no Rio de Janeiro pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Celso fazia parte de uma geração de arquitetos pioneiros da arquitetura e urbanismo no Mato Grosso do Sul, profissionais onde não bastava apenas o domínio técnico do seu ofício – saber projetar, construir as edificações. Eram arquitetos que possuíam grande formação histórica, artística e humanística, que se traduzia em visões filosóficas do mundo como pré-condição para fazer arquitetura.

Quantos arquitetos conseguem que suas obras sejam reconhecidas na paisagem urbana de uma cidade? Muito poucos. Celso era um deles. Juntamente com seu irmão Eudes, projetou alguns dos prédios mais conhecidos de Campo Grande, como os edifícios Vanguard, Concord, Apolo e vários outros. Na convenção de condomínio do edifício Polaris, outro prédio de sua autoria na cidade, é expressamente proibido modificar a fachada branca, de inspiração mediterrânea, o que atesta o bom gosto do edifício e sua grande aceitação entre os moradores.

Celso foi responsável também pelo novo edifício da Santa Casa de Campo Grande, sua obra mais importante, a partir da qual se consolidou como um dos principais arquitetos brasileiros dedicados à arquitetura hospitalar, com obras importantes em vários estados do Brasil.

Mas Celso também encontrava tempo para se dedicar à categoria dos arquitetos e urbanistas. Participou do IAB/MS – Instituto de Arquitetos do Brasil/Dpto. Mato Grosso do Sul e também atuou para consolidar o primeiro curso de arquitetura do estado, no antigo CESUP. Mais recentemente, com a criação do CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo – foi eleito o primeiro conselheiro federal por Mato Grosso do Sul junto ao CAU/BR em Brasília, exercendo por duas vezes o mandato (2012-2014/2015-2017).

Celso tinha a visão centrada nas pessoas quando pensava a cidade e os edifícios, com trabalhos significativos em habitação popular e sempre abordando os problemas técnicos que surgiam de forma multidisciplinar e holística. Como ele gostava de dizer: “mais importante que construir casa é construir a dignidade humana”.

Além da admiração e do respeito que sempre dediquei a ele e sua família de arquitetos, tive o privilégio de privar de sua amizade e de seus ensinamentos, principalmente em anos recentes, por conta de minha atuação no CAU Brasil. Também são inúmeros os arquitetos e arquitetas que justificam a escolha da profissão por influência de Celso, ou que de alguma forma se inspiraram em sua brilhante trajetória.

Por tudo isso Celso Costa será lembrado. Muito mais que o legado que deixou de excelente profissional, lutador pela categoria, formador de novas gerações de arquitetos e de seu amor pela arquitetura e urbanismo, Celso Costa nos deixa um exemplo maravilhoso de pessoa generosa e humana.

Celso Costa durante sua atuação como conselheiro federal do CAU/MS, em 2014.

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